A origem das Danças Circulares
“(…) quando surgimos no espaço e nele
nos movimentamos, temos que dar passos. A escola de dança é a escola do
caminhar. O fluxo contínuo da corrente do tempo recebe através do contato
do pé um compasso. Através dos passos determinamos uma medida de tempo e
ao mesmo tempo uma medida no espaço. O passo torna mensurável, de acordo
com a música, o ato da dança no espaço e no tempo, vivenciável e possível
de ser repetido. O nosso pensamento aprende com o pé a acertar o passo,
e assim construímos uma coluna entre o céu e a terra.”
(WOSIEN: 2000, p. 40)
A principal referência que temos dentro das danças circulares é Bernhard
Wosien, um bailarino, pedagogo da dança, desenhista e pintor, que dedicou
muitos anos de sua vida a coletar as danças étnicas.
Foi em Findhorn – Escócia no ano de 1976 que Bernhard Wosien, a pedido
de Peter Caddy ensinou pela primeira vez uma coletânea de Danças para os
residentes de Findhorn.
1908 – Nasceu em Passenheim, Kreis Orteslburg, Masuren (Prússia
Oriental), filho do reverendo Louis Wosien e de Antoinette-Linda, Baronesa de
Butler-Ponarth.
1986 – Morreu em 29 de abril, em Munique.
Bernhard Wosien and Gabriele, Sacred Dance Festival, Findhorn 1982
O Movimento nas
várias culturas: Dança e Movimento Corporal.
Paulina Ossana
A formação: a primeira
formação do período étnico foi a organização circular, colocando homens e
mulheres sem ordem pré-concebida até fechar a roda: era a dança de roda
circular ou elíptica dos grandes antropóides.
Era a dança uma forma de viver, um sinônimo de vida em seus mais
elevados estados de amor, trabalho, religião. O círculo era muito fechado, os
dançarinos davam fortemente as mãos, os cotovelos e os polegares.
Era a época da magia, exorcismos e encantamentos. Depois o círculo
evolui com uma “fissura” para que espíritos benéficos pudessem entrar, e que os
maus pudessem fugir.
Num dado momento da história, o número de dançarinos chega a ser
insuficiente para cobrir com sua magia todas as zonas que deveriam ser
protegidas e beneficiadas, então, o círculo se abre, dando o nascimento a
formação em cadeia.
A cadeia move-se em forma serpenteante, o desenho faz arcos e ondula em
curvas, tem por função desorientar os maus espíritos. Nesta etapa aparece o
guia, que conduz o restante dos dançarinos, este costumava alternar-se com
outro, no momento que o cansaço o invade, e ao fazê-lo ele entrega um elemento
simbólico da finalidade da dança, o qual vai agitando em sua mão livre.
Com o tempo, quando estas formas coreográficas passaram a fazer parte do
folclore, o elemento simbólico foi substituído pelo lenço.
Danças Folclóricas: que tem sua
origem em cerimônias de ritos tradicionais pertencentes a um estrato popular.
Danças populares: que o povo
dança em toda ocasião feliz. Sua origem é indecifrável, adotam formas e estilos
próprios de cada região e não tem tradicionalmente relação com cerimônias.
Dança popularizadas: do meio
aristocrático, criada pelos mestres, adotadas pelo povo e quase de imediato
adaptadas por ele.
Danças de caráter étnico: é quando mais
se parece com a “expressão corporal”.
A dança circular
veio para o Brasil: Carlos Solano
Sabe-se também que Carlos Solano é considerado o primeiro instrutor de
Danças Sagradas no Brasil certificado por Findhorn. Arquiteto, formado pela
Universidade Federal de Minas Gerais, participou do Treinamento em Danças
Sagradas na Fundação Findhorn, Escócia, com a professora inglesa Anna Barton,
onde residiu por oito meses, em 1984.
Logo mais a Dança também chegou na cidade de Nazaré Paulista, no Centro
de Vivencias em Nazaré Paulista, hoje Uniluz.
“Ao dançar, o mundo
é de novo circulado e passado de mão em mão. Cada ponto na periferia do circulo
é ao mesmo tempo um ponto de retorno. Se dançarmos um dança matinal, saudando o
nascer da aurora dançando, perceberemos, quando nos movimentamos ao longo do
circulo, como as nossas sombras, neste circular singular, também descrevem um
circulo.Assim, nos percebemos que giramos 360 graus. Sentimos na caminhada uma
mudança através da reviravolta conjunta”.
(WOSIEN,2000; p.
120).
Sobre as Danças Circulares
por Giraflor Danças Circulares.
As danças circulares são praticadas em grupos. O grupo, em círculo,
segue uma coreografia e, conectados entre si, reúnem energias em busca da
harmonia, da consciência do todo.
No Círculo não existe hierarquia e as atitudes de competição são
substituídas por atitudes cooperativas.
No trabalho com as pessoas de todas as idades as danças circulares podem
sensibilizar e socializar, resgatar valores humanos, incentivar as interações entre
os grupos, promover o diálogo amoroso entre as pessoas, desenvolver o senso de
organização coletiva e o senso rítmico pela música e pelo movimento corporal
que ela cria, e principalmente “despertar” relacionamentos saudáveis dentro do
contexto social em que vivemos.
Dentro das linguagens artísticas tem-se a oportunidade da expressão
positiva de angústia e medos, sentimentos que são na maioria das vezes
expressados de forma inadequada.
Gradativamente o ser humano pode adquirir, através das artes, o autocontrole
a amplitude da consciência corporal e a responsabilidade por seus atos.
A arte oportuniza ao ser humano acessar e desenvolver aspectos de sua
personalidade de forma prazerosa, ajustando emoções, organizando e educando
pensamentos e sentimentos, auxiliando na formação de indivíduos mais
equilibrados. (Giraflor, 2005)
Alguns benefícios das Danças
Circulares:
• Ampliar a
percepção a atenção e a concentração;
• Promover a
identificação e a empatia com os outros
• Despertar a
musicalidade; ritmo, leveza e flexibilidade;
• Trabalhar as
habilidades interativas e de grupo;
• Incentivar o
indivíduo a expressar o que ele tem de melhor;
• Desenvolver a
capacidade de intimidade interpessoal
• Compreender a
dança como forma de expressão não verbal;
• Viabilizar o auto
conhecimento e a expressão individual e coletiva.
• Possibilitar a
comunicação humana através do diálogo corporal.
“Toda composição perfeita consiste de
compasso, ritmo e melodia.Em toda composição musical estes três elementos
contrapõem-se em interação e tensão vivas e permanentes. O compasso representa
a visão espiritual do todo, a clareza e a ordem. O ritmo responde pela
vitalidade, pela tensão, pelo pulsar do fluxo sangüíneo. A melodia representa o
lado verdadeiramente humano, seu querer da alma e seus sentimentos, em todas as
suas nuances”.
(WOSIEN,2000; p. 14)
“Desde a pré-história até os inícios
da cristandade, no decorrer do ano as pessoas tentam fazer com eu suas vidas
entram em ressonância com a ordem cósmica anual, os ritmos do sol e da lua e
com o girar dos planetas, através de cultos e festas”.
(GABRIELLE- MARIA WOSIEN,2000; p. 27).
“A dança é a mãe das artes. A música
e a poesia existem no tempo; a pintura e a escultura no espaço. Porém a dança
vive conjuntamente no tempo e no espaço. O criador e a criação, o artista e sua
obra, nela são uma coisa única e idêntica. Os desenhos rítmicos do movimento, o
sentido plástico do espaço, a representação animada de um mundo visto e
imaginado, tudo isto é criado pelo homem com seu próprio corpo por meio da
dança, antes de utilizar a substância, a pedra e a palavra para destiná-las à
manifestação de suas experiências exteriores”.
Kurt Sachs – História Universal da Dança
Referências:
WOSIEN, Bernhard.
Dança: um caminho para a totalidade. São Paulo: Triom, 2000.
WOSIEN, Maria-Gabriele. Dança Sagrada: deuses, mitos e ciclos. São Paulo:
Triom, 2002.
SACHS Kurt – História Universal da Dança, Paris,1938.
Texto elaborado por Giraflor Danças Circulares
www.dancascirculares.org- Curitiba – PR
Giraflor Danças Circulares- desde 2006
http://www.dancascirculares.org/dancas-circulares/